Reforma tributária no setor de serviços: o que muda e como se preparar?

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A Reforma Tributária é, sem dúvida, a maior transformação fiscal do Brasil em décadas, e as empresas e os profissionais do setor de serviços precisam estar com por dentro das mudanças previstas.

Com a aprovação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) Dual – a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) – as regras do jogo vão mudar.

Muitos empreendedores se perguntam: como fica o setor de serviços com a Reforma Tributária? Será que meu imposto vai aumentar? Quais setores serão mais afetados com a Reforma Tributária?

Se a sua empresa presta serviços, este artigo é seu guia completo para entender o que está por vir e como se preparar.

Vamos detalhar as principais mudanças, as novas alíquotas, o impacto nos diferentes regimes tributários e, principalmente, como você pode planejar a transição para 2026 e os anos seguintes.

Nosso objetivo é te dar clareza para que você se antecipe e proteja seu negócio nesse novo cenário fiscal. Neste artigo você vai entender:

  1. Cronograma da Reforma Tributária no setor de serviços: o que vai mudar e quando?
  2. O que é o IVA e como afeta as empresas de serviço?
  3. As novas Alíquotas: quem vai pagar mais ou menos?
  4. O que muda para cada regime tributário?
  5. Como você pode se preparar?

Cronograma da reforma tributária setor de serviços: o que vai mudar e quando?

A Reforma Tributária no setor de serviços não será um corte abrupto, mas sim uma transição gradual que durará alguns anos.

Essa fase de adaptação é crucial para que empresas, sistemas e o próprio governo se ajustem às novas regras. É vital acompanhar de perto esse cronograma da reforma tributária de 2026 e planejar com antecedência.

O processo de transição, estabelecido pela Emenda Constitucional 132/2023, funcionará assim:

  • 2026: este ano marca o início do período de testes. O novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA) Dual, composto pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), começa a ser cobrado com alíquotas simbólicas. A CBS (federal) terá 0,3% e o IBS (estadual/municipal) terá 0,1%. O PIS e a Cofins ainda não serão extintos neste ano.
  • 2027 a 2032: a CBS passará a ser cobrada em sua alíquota plena. Já para o IBS, haverá uma transição gradual do ICMS e do ISS (impostos que ele substitui). As alíquotas desses impostos antigos serão reduzidas ano a ano, enquanto a alíquota do IBS será gradualmente aumentada. É um período de convivência entre os sistemas antigo e novo. A previsão é que o PIS/Cofins sejam extintos a partir de 2027.
  • 2033: este é o ano da virada total. O IPI será totalmente extinto e as alíquotas do ICMS e ISS serão zeradas. O IVA (CBS e IBS) estará em pleno vigor em todo o país, operando em sua alíquota plena.

Esse cronograma detalhado serve para que empresas do setor de serviços possam se planejar, ajustar seus processos contábeis, rever contratos e se preparar para as novas alíquotas e formas de crédito.

O que é o IVA e como afeta empresas de serviço?

O Imposto sobre Valor Agregado (IVA) é o coração da Reforma Tributária, e entender sua dinâmica é fundamental para o setor de serviços.

Pense no IVA como um imposto único sobre o consumo, que incide apenas sobre o valor que a sua empresa adiciona a um serviço. 

Por exemplo: se você compra um produto por R$ 100, transforma ele e vende por R$ 150, o imposto incide só sobre os R$ 50 que você agregou, e não sobre os R$ 150 inteiros.

No Brasil, ele virá em um formato “Dual”:

  • CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços): de esfera federal, vai unificar PIS, Cofins e IPI.
  • IBS (Imposto sobre Bens e Serviços): de esfera estadual e municipal, vai unificar ICMS e ISS.

Por que essa unificação é importante para prestadores de serviço?

A grande promessa do IVA é a simplificação e a não cumulatividade plena. Traduzindo: acabar com o efeito cascata de impostos e permitir que você use como crédito quase tudo que paga nas compras do seu negócio.

Hoje o setor de serviços lida com a complexidade do ISS (imposto municipal, com regras diferentes em cada cidade), PIS e Cofins (federais, com regimes cumulativo e não cumulativo).

Essa burocracia gera o “custo Brasil” — mais tempo perdido, mais dinheiro gasto com contabilidade, menos competitividade, o que dificulta o aproveitamento de créditos. 

Com o IVA, a ideia é que boa parte dos gastos que sua empresa tem (aluguel, energia, serviços contratados, materiais de escritório etc.) gere crédito. Ou seja, você usa esses valores para abater o imposto que vai pagar sobre o que vendeu.

Imagine o cenário que você prestou um serviço e vai pagar imposto sobre ele. Mas se gastou com energia, contratou um designer ou alugou uma sala, esses gastos entram como crédito e diminuem o valor do imposto a pagar. Resultado: o imposto só recai sobre o que você realmente agregou. Interessante, né?

Isso, em teoria, desonera a cadeia produtiva, fazendo o imposto incidir apenas sobre o valor que sua empresa realmente agrega.

No entanto, essa unificação também levanta debates. O setor de serviços, especialmente aqueles que são intensivos em mão de obra (como consultorias, serviços de TI, escritórios de advocacia e contabilidade), teme um aumento da carga tributária.

Isso porque a sua principal matéria-prima é o capital humano (salários e encargos), que não gera crédito no IVA.

Já uma indústria, por exemplo, compra muitos insumos que geram crédito. O impacto é diferente e precisa ser analisado com muito cuidado para cada tipo de empresa.

As novas alíquotas: quem vai pagar mais ou menos?

A alíquota padrão do IVA (soma do CBS e do IBS) ainda não está definida, mas as projeções apontam para algo entre 25% e 27,5%, o que seria uma das maiores do mundo. 

Esse número, isoladamente, pode assustar, mas isso não quer dizer que você vai pagar mais imposto. Esse número considera que a maior parte do que você paga nas compras do seu negócio vira crédito. Então, no fim das contas, o que vale mesmo é o que sobra pra você pagar depois de descontar esses créditos.

Quem pode ter alíquota reduzida?

A boa notícia para alguns segmentos do setor de serviços é a previsão de alíquotas reduzidas. Serviços essenciais terão uma redução de 60% na alíquota padrão. Isso inclui:

  • Serviços de saúde: consultas médicas, exames, procedimentos, hospitais, clínicas.
  • Serviços de educação: escolas, faculdades, cursos técnicos.
  • Transporte coletivo de passageiros: urbano, intermunicipal, interestadual.
  • Serviços de saneamento e energia elétrica.
  • Alguns produtos da cesta básica e medicamentos.

Para esses setores, o impacto da nova alíquota será bem menor. Se a alíquota geral for 25%, por exemplo, esses serviços pagariam 10% (40% de 25%).

Comparativo prático com o que se paga hoje:

O impacto final no seu bolso vai depender muito do seu regime tributário atual (Simples Nacional, Lucro Presumido, Lucro Real) e o quanto sua empresa consegue gerar de créditos com as novas regras.

  • Para quem vai pagar alíquota reduzida (como saúde e educação): a tendência é de uma carga menor ou parecida com a atual, desde que a empresa consiga aproveitar bem os créditos. Mas atenção: despesas com salários não geram crédito, o que pode limitar esse benefício em negócios com muita mão de obra.
  • Para serviços sem alíquota reduzida: o desafio é maior. Se sua empresa hoje paga ISS baixo (3% a 5%) e está no PIS/Cofins cumulativo, pode sentir o baque da nova alíquota cheia do IVA. Já quem está no PIS/Cofins não cumulativo, e já tem uma estrutura de crédito, pode sentir menos diferença.

Não existe um único cenário. Cada empresa vai precisar fazer as contas, analisar seus custos, entender se gera créditos e simular o impacto. O IVA pode ser um alívio ou um peso extra, depende muito do seu modelo de negócio.

O que muda para cada regime tributário?

A Reforma Tributária vai mexer com a estratégia de enquadramento tributário para as empresas do setor de serviços. O que era mais vantajoso antes pode deixar de ser com a Reforma. Vamos analisar os principais regimes:

Simples Nacional

Atualmente, muita empresa de serviços opta pelo Simples pela praticidade. Com a Reforma, essas empresas não serão contribuintes diretas do novo IVA (CBS + IBS). Isso significa:

  • Continuidade da guia única (DAS): nada muda na forma de pagar os tributos, nem nas tabelas (pelo menos por enquanto).
  • Sem direito a créditos de IVA: empresas do Simples não poderão aproveitar os créditos do novo imposto nas compras.
  • Perda de competitividade no B2B: se você presta serviço para outras empresas (que estão no Lucro Presumido ou Real), elas não vão conseguir aproveitar crédito do IVA nos pagamentos para você. Isso pode fazer com que clientes PJ prefiram fornecedores fora do Simples, para abater o imposto.

A grande dúvida é se a simplificação ainda valerá a pena diante da perda de competitividade para clientes PJ e da impossibilidade de tomar créditos. Isso vai depender do perfil da sua operação, mas ter ajuda de especialistas em contabilidade nesse momento, como a Agilize, pode ajudar a facilitar a tomada de qualquer decisão.

Lucro Presumido

Hoje, esse regime é comum entre empresas de serviço com margens boas ou que estouraram o limite do Simples.

Com a Reforma, o Lucro Presumido pode ser beneficiado, especialmente em setores com direito à alíquota reduzida.

  • Alíquotas e créditos: empresas no Lucro Presumido se tornarão contribuintes do novo IVA. Poderão se beneficiar das alíquotas reduzidas (se aplicável, como saúde e educação) e, crucialmente, aproveitar o crédito amplo sobre quase todas as despesas: aluguel, energia, materiais, softwares, serviços de apoio, etc. Isso pode gerar uma redução significativa na carga tributária efetiva.
  • Competitividade: seus clientes PJ poderão tomar crédito do IVA sobre os serviços que contratarem de você, o que os torna mais vantajosos para grandes empresas.

Lucro Real

Geralmente é o regime de grandes empresas ou aquelas que registram prejuízos. No Lucro Real, o impacto da Reforma também será grande com o IVA:

  • Amplo aproveitamento de créditos: assim como no Lucro Presumido, haverá um aproveitamento quase total dos créditos do IVA sobre compras de bens e serviços.
  • Base de cálculo: a apuração dos impostos de renda é sobre o lucro contábil real, o que exige uma contabilidade mais detalhada.

Ainda está um pouco complexo? Veja alguns exemplos:

Imagine uma consultoria de marketing que hoje está no Lucro Presumido e paga PIS/Cofins cumulativos e ISS. Com a Reforma, vai pagar IVA. Se a alíquota geral for 25%, mas ela tiver 20% de despesas que geram crédito (aluguel, software, serviços), o imposto real que vai pagar pode cair para algo em torno de 20% ou menos. Resultado: redução da carga tributária efetiva.

Por outro lado, uma pequena empresa de desenvolvimento de software no Simples Nacional pode ver seu serviço se tornar menos “atraente” para clientes PJ do regime normal, que preferirão desenvolvedores PJ do Lucro Presumido para aproveitar os créditos do IVA.

Portanto, simular cenários e revisar a estratégia tributária será essencial. 

Como você pode se preparar?

A Reforma Tributária terá um impacto real no setor de serviços. A preparação é a chave para transformar desafios em oportunidades. Não espere 2026 chegar para começar a agir. Estes são os passos que você pode dar:

  1. Avalie seu regime tributário atual e faça simulações: com um contador especializado, revise se o seu regime (Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real) continuará sendo o mais vantajoso após a Reforma. Simule cenários com as novas alíquotas e as possibilidades de crédito, projetando o impacto na sua carga tributária efetiva e no seu preço.
  2. Reveja seus processos internos e sistemas: a forma de emitir notas fiscais, apurar impostos e gerenciar o financeiro vai mudar. Seus sistemas de gestão (ERP), de emissão de notas e sua contabilidade precisarão estar atualizados e alinhados às novas regras do IVA. Comece a conversar com seus fornecedores de software.
  3. Mapeie suas despesas e custos: entenda detalhadamente todos os seus gastos operacionais (aluguel, energia, materiais, salários, softwares, serviços de terceiros, etc.). Esse mapeamento será importante para identificar e aproveitar ao máximo os novos créditos tributários que o IVA permitirá. Lembre-se, folha de pagamento não gera crédito, o que é um ponto crítico para o setor de serviços intensivo em mão de obra.
  4. Reavalie sua precificação e margem: com a mudança na forma de calcular impostos e créditos, o custo tributário dos seus serviços pode se alterar. Você precisará reavaliar seus preços para garantir que sua margem seja mantida ou otimizada, sem perder competitividade no mercado.
  5. Busque parceiros estratégicos: a complexidade da Reforma exige a expertise de um contador ou consultor tributário que realmente entenda do setor de serviços e das novas regras. Ele será seu principal guia para planejar, simular impactos, gerenciar os créditos e garantir sua conformidade durante e após a transição.

A preparação é fundamental para transformar o desafio da Reforma Tributária no setor de serviços em uma oportunidade de otimização para seu negócio.

Conte com a Agilize, sua contabilidade de confiança!

A Reforma Tributária no setor de serviços é uma realidade que, embora traga desafios, oferece grandes oportunidades para quem estiver preparado.

Navegar pelas novas alíquotas, o aproveitamento de créditos e a complexidade do IVA exige conhecimento e atenção.

É nesse cenário que a Agilize se torna sua parceira estratégica. Nós entendemos as particularidades do setor de serviços e estamos prontos para guiar seu negócio por todas as mudanças da Reforma Tributária.

Com a Agilize você tem o suporte de especialistas para:

  • Analisar o melhor regime tributário pós-reforma para sua realidade, projetando o impacto real.
  • Otimizar o aproveitamento de créditos, garantindo que você pague o mínimo de imposto justo.
  • Gerenciar suas obrigações fiscais de forma descomplicada, liberando seu tempo para focar no seu serviço principal.

Não deixe que a Reforma Tributária pegue sua empresa do setor de serviços desprevenida. Conte com a Agilize para ter segurança, agilidade e a certeza de que sua contabilidade está em dia e trabalhando a seu favor.

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