Estrutura da DRE: entenda o que compõe para saber como analisá-la corretamente
Um empreendedor que se preocupa com o crescimento financeiro do seu negócio sem dúvidas já deve ter ouvido falar sobre a estrutura da DRE ou Demonstração do Resultado do Exercício.
Por mais complicado que possa parecer, entender como montar e analisar a estrutura DRE da sua empresa é simples e você não precisa ser um contador ou estudar contabilidade para isso.
Se quiser saber o passo a passo completo para montar a sua própria estrutura da DRE e saber exatamente como analisá-la ao final do período financeiro, basta continuar lendo este artigo!
Para te situar: conceito da DRE
Em poucas palavras, DRE significa Demonstração do Resultado do Exercício e nada mais é do que um demonstrativo das atividades financeiras de uma empresa durante um prazo específico, como janeiro a junho, ou janeiro a dezembro, por exemplo.
Isso significa que, com a DRE, é possível analisar se o desempenho das movimentações financeiras da instituição foi positivo ou negativo.
Esta Demonstração é uma obrigação contábil anual, conforme as leis n.º 6.404/76 e n.° 11.638/07, para empresas brasileiras, com exceção apenas aos Microempreendedores Individuais (MEI).
Um ponto importante sobre o demonstrativo é que ele precisa ser desenvolvido conforme o Regime de Competência, ou seja, as despesas e receitas devem ser registradas quando ocorreram e não apenas quando a empresa pagar ou receber, de fato.
Existe, ainda, uma “receita de bolo”, ou seja, uma lista ou ordem, com todos os itens que a DRE deve conter em sua estrutura. Saber o que cada item significa e entender como equilibrá-lo é essencial.
Por isso, apesar de ser obrigatória, a DRE não deve ser encarada como mera formalidade, mas sim como uma ferramenta potente para análise de métricas e estabelecimento de planejamentos eficazes para o desenvolvimento das empresas.
Por que entender a estrutura de uma DRE é importante?
Não ter um modelo de organização financeira como a DRE é como ficar “atirando no escuro”, como diz o ditado popular, ou seja, é impossível definir qual a margem de progresso e evolução do negócio.
Então, é essencial que você, empreendedor ou prestador de serviços, entenda a estrutura e saiba como analisar a DRE de modo a tomar as melhores decisões possíveis e manter a saúde financeira do seu negócio em perfeito funcionamento.
Afinal, por meio dela será possível verificar a eficácia de suas estratégias financeiras e identificar pontos de melhoria para alcançar lucros e evitar prejuízos.
Além disso, por ser um cálculo do resultado financeiro líquido, a DRE permite que a empresa estabeleça metas financeiras e compare resultados durante diferentes espaços de tempo, para acompanhar o seu crescimento e lucratividade.
Cada tópico da estrutura de uma DRE deve ser compreendido e analisado, tanto individual quanto conjuntamente. Aprenda a fazer isso no tópico a seguir.
Estrutura da DRE: tim tim por tim tim para você
Se você estava procurando o passo a passo, em detalhes, para entender e desenvolver a estrutura da DRE do seu negócio, chegou ao lugar certo!
Antes, porém, é importante lembrar que, apesar de existirem modelos prontos de estrutura da DRE, ela pode ser adaptada conforme as necessidades do seu próprio empreendimento, tendo itens acrescentados ou retirados.
Basicamente, a estrutura da DRE pode conter:
- Receita Bruta;
- Tributos: Impostos sobre a receita, Devoluções e Descontos;
- Receita Líquida;
- Custos dos Produtos Vendidos (CPV) ou Custo de Mercadorias Vendidas (CMV);
- Lucro Bruto;
- Despesas: Vendas, Gerais e Administrativas;
- Lucro Operacional;
- Resultado Financeiro;
- Lucro Antes do Imposto de Renda;
- Imposto de Renda e Contribuição Social sob Lucro Líquido;
- Lucro Líquido;
Cada um destes tópicos será detalhado a seguir, para você entender como e por que deve incluí-los na estrutura DRE da sua empresa.
Mas lembre-se do que conversamos acima: sua realidade pode pedir mais ou menos passos. Porém, a verdade é que, independentemente do seu segmento de mercado, quanto mais detalhada sua estrutura for, melhores análises e métricas poderão ser obtidas.
O contrário também é verdade: quanto mais enxuta, menos dados poderão ser extraídos para contribuir com suas estratégias.
Receita Bruta
Receitas são todos os valores positivos que a empresa recebe. Então, devem ser acrescentadas todas receitas resultantes de:
- vendas de produtos ou serviços;
- recebimento de juros;
- retorno de dividendos ou royalties, que basicamente se referem ao retorno financeiro pelo uso de uma propriedade ou direito de uso.
Tributos: impostos sobre a receita, devoluções e descontos
Nesta etapa, é preciso informar quais impostos a empresa paga, como ISS (Imposto Sobre Serviço), para prestadores de serviços, e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria), para venda de produtos físicos.
Além disso, descontos e devoluções (caso o consumidor peça reembolso) também devem ser registrados.
Receita Líquida
A Receita Líquida nada mais é do que a subtração dos dois itens anteriores — os tributos menos a receita bruta.
Custos dos Produtos Vendidos
Como o nome sugere, todos os custos para a fabricação de um produto, como:
- matéria-prima;
- logística;
- mão de obra e outros gastos.
Além do Custo dos Produtos Vendidos (CPV), outros como Custo de Mercadorias Vendidas (CMV) e Custo dos Serviços Prestados (CSP) também devem ser incluídos.
Lucro Bruto
Sem mais, o lucro bruto é o valor resultante da subtração entre a receita líquida e os custos de produção, os dois itens anteriores.
Despesas: Vendas, Gerais e Administrativas
Todos sabem que não basta apenas fabricar um produto e esperar que os compradores “caiam do céu”. É preciso divulgar o produto, por meio da contratação de estratégias de Marketing e Publicidade, e investir na logística de entregas.
Ao mesmo tempo, é necessário considerar o salário dos funcionários, comissões sobre vendas, despesas com estabelecimento comercial, como aluguel, energia elétrica e água, por exemplo.
Lucro Operacional
De modo extremamente objetivo e essencial, o lucro operacional é a diferença entre o lucro bruto e as despesas citadas acima. O lucro operacional tem como objetivo permitir uma análise mais completa do resultado operacional do negócio.
Grau de alavancagem operacional
Nesse sentido, é importante frisar a importância de uma estratégia de alavancagem, ou seja, o empréstimo ou aquisição de equipamentos que possibilitem o aumento da produção operacional e vendas.
Esta metodologia faz com que a produção seja maior que os custos fixos de uma empresa. Assim, as receitas sempre irão ultrapassar os valores dos custos, sejam eles fixos ou variáveis.
O EBITDA na estrutura da DRE
A sigla EBITDA vem do inglês, Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, e se refere aos Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.
Neste caso, os termos “Depreciação” e “Amortização” se referem às contas que não são debitadas automaticamente.
Entre elas estão as despesas com veículos e máquinas usados em processos de fabricação e transporte que, aos poucos, são desgastados e precisarão ser substituídos.
É importante inserir estes valores na estrutura da DRE, já que são reais, apesar de não serem imediatos, e em algum momento a empresa precisará custear estas despesas.
Isso significa que, para empresas de capital aberto, é possível utilizar os pilares do EBITDA para avaliar a situação financeira da empresa de forma certeira, como um guia para decisões importantes como novos investimentos.
Resultado Financeiro
O resultado financeiro é simplesmente a soma de todos os juros que foram pagos naquele determinado período pela empresa em decorrência de dívidas, por exemplo. Além disso, o montante recebido pela empresa através de rendimentos com investimentos financeiros também deve ser acrescentado.
Outras operações financeiras realizadas pela empresa, como “hedge cambial”, entram nesta etapa da estrutura da DRE. Caso você não saiba o que significa hedge cambial, ele é um mecanismo de proteção para valores comercializados em moedas estrangeiras.
Resumidamente, o hedge garante que, ao vender produtos em dólar, por exemplo, você não tenha prejuízo caso a cotação da moeda caia.
Lucro Antes do Imposto de Renda
Considerando que, geralmente, o valor de impacto do Imposto de Renda sobre o lucro total das empresas é o que mais afeta o faturamento, com um total de 34%, para descobrir o valor total obtido antes do IR, basta subtrair 34% nesta etapa.
Imposto de Renda e Contribuição Social sob Lucro Líquido
Aqui, consideramos a dedução, propriamente dita, do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sob Lucro Líquido (CSLL) sobre o lucro absoluto da empresa.
Lucro Líquido
Passando por todas estas etapas, o que resta é o lucro, ou resultado líquido, ou seja, o valor total que pode servir como remuneração para o empresário envolvido e seus sócios, caso existam.
Ainda, o valor pode ser usado para reinvestimentos, quitação de dívidas, pagamentos, ampliações e reformas, caso sejam necessárias para a empresa no momento.
Se o valor total for negativo, é o mesmo que dizer que a empresa apresentou prejuízos naquele período.
Ou, se positivo, a empresa lucrou. Em contrapartida, caso o valor final encontrado seja zero, isso significa que o empreendimento se encontra em um ponto de equilíbrio.
A conclusão de todo o processo é que:
- tudo precisa ser devidamente documentado, para que os resultados sejam exatos;
- o proprietário, os acionistas ou sócios são os últimos a receberem (quando há lucro);
- antes de investir em ações de empresas com tempo de mercado, é importante analisar o lucro líquido das mesmas a fim de se certificar de que não existem grandes margens de prejuízo futuras.
Como analisar a DRE?
Após preenchida, é importante reservar tempo para analisar os resultados da sua DRE. Para isso, existem alguns modelos de análise, como:
- Análise Horizontal;
- Análise Vertical;
A primeira, de modo Horizontal, visa entender o crescimento ou redução dos valores com o passar do tempo, que podem ser meses ou anos.
Deste modo, todas as diferenças gritantes entre os valores podem ser entendidas facilmente e analisadas conforme dados em épocas passadas correspondentes.
A Análise Vertical, por sua vez, considera o resultado final e quais percentuais das contas da DRE contribuíram para que o seu valor fosse este.
Com a análise, é possível comparar cada percentual conforme anos anteriores, além de identificar o impacto que o mesmo item teve em cada período para que o resultado final fosse atingido.
Como essa análise pode ajudar a minha empresa?
Essa análise possibilita tomadas de decisão mais certeiras, além de disponibilizar as informações necessárias para que a equipe financeira ou de gestão invista em recursos que contribuirão para o desenvolvimento da empresa.
Além disso, com estes dados reais acerca dos lucros e prejuízos, é possível validar estratégias e replicar as que obtiveram sucesso, tornando a margem de erros e danos menores.
Apesar de existir a possibilidade de você mesmo, como responsável pela empresa, analisar os resultados de uma estrutura DRE, esta opção nem sempre é viável.
Afinal, você já tem inúmeras responsabilidades e assumir o papel de uma equipe de contabilidade tomará tempo e, provavelmente, tirará o seu foco das estratégias produtivas e liderança.
Por isso, a melhor opção, sem dúvidas, é terceirizar a função e deixá-las nas mãos de profissionais capacitados e experientes no ramo contábil, como é o caso da equipe Agilize.
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